sábado, 9 de dezembro de 2017

Os medos de Hen Zoe Blacksmith

É um dia comum, como foi ontem, como foi antes de ontem. As horas já não são mais do meu interesse.

Meu gato se aproxima, ultimamente ele tem sido minha única companhia. Faço carinho nele e ele fica do meu lado, como de costume. Do outro lado se encontra minha xícara que tem o desenho de um gatinho, nela tem o bom e velho chá de camomila, que é tão frequente que tem sido considerado uma tradição.

O apagar e acender das luzes de natal me entretém, não importa quanto tempo passe, isso sempre vai parecer algo mágico pra mim, tem coisas do antigo eu que não tem como extinguir... Eu bebo um gole do chá e continuo olhando, procurando sequências, vendo se tem alguma lâmpada queimada, ou simplesmente tentando manter minha mente ocupada.

Depois de outro gole, eu paro pra pensar no que tem me mantido acordado até tão tarde. Eu penso nos meus medos, no meu medo de perder, o medo que tem me consumido. O medo que eu sinto que vem ganhando forma, que tem se concretizado.

Eu passei minutos e mais minutos observando as luzes, até que um barulho na cozinha me distrai, provavelmente alguém da minha família. Eu olho pro meu celular, na esperança de encontrar alguém pra conversar, mas acabo aceitando que é tarde demais pra ter alguém disponível, que já é tarde demais pra ter alguém. No fim, eu que optei por esse caminho solitário.

Meu gato se afasta de forma repentina, o que me deixa assustado, já que ele nunca se comporta dessa maneira. Era um motivo muito bobo pra se preocupar, afinal, ele era só um gato, provavelmente foi correr atrás de algum inseto ou rato...

Eu bebo o chá que me resta, que já estava gelado, e decido voltar a observar as luzes. Acendiam, apagavam, acendiam e como se tivesse faltado energia, apagaram. Eu ando até o disjuntor pra verificar se algum tinha sido apagado, mas estavam todos normais. Quando eu olho pra trás, as luzes voltam a piscar, dessa vez mais rápido que antes, foi quando elas apagaram de vez.

Eu escuto o barulho novamente, só que dessa vez não está na cozinha, está mais próximo e dessa vez é um som gutural. Eu chamo pelos meus pais, mas eles não me respondem, o som se aproxima, eu chamo novamente, mas eles já não podiam me ouvir. Num piscar de olhos, eu vejo um vulto preto, e foi como se o tempo tivesse parado. Eu me sentia sufocado, como nas crises de medo que eu tinha de madrugada, mãos frias tocavam meu pescoço. Aos poucos eu fui perdendo os sentidos. Eu só sentia medo e frio... Medo...

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Sobre a Esmeralda

Hoje é um dia comum, como foi antes de ontem. São 17 horas e uns 24 minutos. Já fazia muito tempo que eu não me odiava assim, talvez esse sentimento fique, eu consegui manter ele longe por muito tempo, mas sempre volta.

Pra quem não sabe, eu tenho uma namorada, pelo menos tinha. O nome dela é Esmeralda. A gente se conhece há muito tempo, porém não éramos muito próximos. Tem três dias que foram importantes: O pré aniversário dela, o aniversário dela, que por incrível que pareça, ela foi assaltada e o dia em que a gente saiu junto, que foi a primeira vez que a gente se beijou.

Tudo começou quando meu melhor amigo resolveu comprar um bolo pra ela. A gente tava extremamente fora de sincronia, os assuntos eram horríveis e no fim jogaram a culpa em mim por parte do rolê ter sido uma bosta. Depois as coisas foram caminhando e a gente se aproximou, digamos que a gente tava mais próximos do que estávamos dos outros. No fim, a gente voltou pra casa amigo. Eu fui até perto da casa dela, a gente se abraçou, vale lembrar que nesse tempo eu não era chegado num contato físico, então não era um grande entendedor de abraços, isso resultou num, segundo ela, um abraço meio merda.

No dia seguinte era aniversário dela, mas eu não tenho muito o que escrever aqui. Pra mim foi um dia normal, mas foi de tarde/noite que as coisas aconteceram. Eu fui andar, como eu costumava fazer às 18h, as vezes 19h, foi quando eu recebi uma mensagem dela no Instagram. Ela tinha sido assaltada e a primeira pessoa que passou pela cabeça dela foi eu. Eu parei minha caminhada e fui até a casa dela, onde a gente ficou um tempão conversando. Eu lembro que achei incrível como ela foi assaltada em pleno aniversário e conseguiu ficar ali, forte, rindo até. Marcamos de sair. Antes de dormir eu pensei se a gente acabaria se beijando, mas fui como amigo.

Dia seguinte, a gente saiu. Ela escolheu um caminho horrível, como ela sempre faz. A gente conversou sobre algumas coisas no caminho, como ela queria trabalhar em uma revista, sobre o emprego dela que não deu muito certo, entre outros. A gente tava indo em direção ao shopping, onde a gente encontrou meu amigo Vital, que seguiu a gente e tava interessado em realizar um corre, que seria pegar um copo do lixo, lavar, pegar refrigerante de graça no Burger King. Uma coisa que me preocupou foi a possibilidade deles discutirem, já que ele era extremamente inocente e ela mostrava uma responsabilidade enorme, o que me deixou admirado. Já adianto que o corre não foi realizado. Além disso, ele queria pegar o estojo no colégio que tem dentro do shopping, vulgo objetivo, mas ele não tinha coragem. A gente tentou levar ele lá, mas ele deu a famosa fuga.

Não tem muitas coisas relevantes em relação ao shopping, a gente basicamente foi lá pra comprar coisas pra comer. Voltando do shopping, eu resolvo que quero mostrar as coisas que eu escrevi em uma casinha de madeira que tem em uma praça. A gente foi lá, entrou na casinha, conversamos... Fomos ficando cada vez mais próximos, até que a gente tava junto, ficamos cerca de duas horas assim, até que ela me perguntou se eu não ia beijar ela. Meu primeiro beijo foi com ela, ela tornou tudo tão especial. Eu parava no meio do beijo pra rir, a gente batia os dentes, entre outras coisas. Foi um dos dias mais importantes pra mim.

Desde então a gente tá junto, mas começamos a namorar "oficialmente" no dia 6 de novembro. Ela tinha terminado comigo por motivos de PERGUNTA PRA ELA. A Gente ficou em uma ligação de 1h, até que ela falou que ainda era minha como eu queria que ela fosse. Essa conversa foi de madrugada, o que tornou mais especial, era só a voz dela, o miado da gata e o barulho do bolinha. A gente passou muito tempo calado, foi quando eu descobri que os silêncios não são desconfortáveis com ela, mesmo no telefone.

Desde então acontece muita coisa, mas eu não consigo colocar na cronologia certa. Então se contentem com isso.

Ela simplesmente é meu motivo pra ser feliz. Eu sei que eu não sou a pessoa mais feliz do mundo, mas a felicidade que eu tenho muitas vezes vem dela. Ela faz eu me conhecer de um jeito que eu não me conhecia. Ela me faz saber coisas de mim que eu não tinha reparado até ela me dizer. Grande parte do nosso tempo junto é passado em frente a uma espécie de janela e chega a ser incrível como uma simples "espécie de janela" se torna especial só por ter a presença dela. Ela é muito boa com palavras, já eu não sou tão bom assim, então muitas vezes eu não posso retribuir tudo o que ela escreve pra mim, escreve sobre mim, mas eu tô fazendo o melhor que eu posso.

Se você tá lendo isso, eu peço desculpas por meus erros, pelas coisas que eu digo sem pensar. Eu espero que você saiba que quando eu não tô okay eu sou impulsivo e faço as coisas sem pensar. Eu espero que você saiba que eu não quero te machucar. Eu não me sinto obrigado a vir te ver, eu venho te ver porque eu quero te ver. Mesmo que a gente não se toque, mesmo que a gente não se beije, se eu te ver, o meu dia fica melhor. Eu vou tentar mudar as coisas que tão te incomodando. Eu sei que eu não deixo explícito o suficiente que a gente tá namorando nas redes sociais, mas o que importa pra mim é você, então eu acabo deixando isso de lado. Me desculpa. Eu te amo.