Mais um dia, assim como foi ontem e assim como vai ser amanhã. Eu acordo e minha primeira visão é uma televisão antiga, tão pouco usada que já não fica ligada na tomada. E um toca discos, que não tem tocado nada. Me levanto e começo mais um dia.
O ponto alto dos meus dias é ver meus amigos, mas hoje não, hoje eu não vou sair de casa. Hoje eu vou ficar sozinho comigo e eu odeio a minha companhia.
O dia se resumiu em nada, nada além de coisas que eu não deveria estar pensando. Não conversei com ninguém, pois trocar meia dúzia de mensagens não é uma conversa, o que reforça a minha teoria de que tem algo de errado comigo. Mas tudo bem, tá tudo bem, eu já me acostumei com isso. Ontem foi assim, hoje foi assim e provavelmente amanhã vai ser também.
Mas não pense que eu vivo de lamentos. Apesar de não estar como eu queria estar, eu sinto paz nisso tudo. O silêncio é como um velho amigo e a solidão é como uma amante fiel. Qualquer coisa que tente mudar a ordem do que tudo tem sido é estranha pra mim.
E eu não sei o que vai ser a partir de agora, talvez eu continue deitado, talvez eu vá cantar pra solidão, talvez eu vá escutar o silêncio. Mas eu espero que o amanhã seja diferente do hoje e do ontem. Espero que eu veja meus amigos. Espero que essa grande engrenagem pare.