Eu tenho refletido sobre o meu hábito de convencer a mim mesmo de que certas pessoas são importantes pra mim, quando, na verdade, não são nada além de pessoas que há muito não são mais conhecidas, que aparecem somente quando lhes convém e que depois vão embora, só voltando quando precisam novamente.
Eu tento me convencer de que é recíproco o afeto que tanto falam que sentem por mim, muitas vezes até mesmo dizem me amar. Confesso que as palavras que escrevem geralmente são bonitas, porém tão vazias, infelizmente fedem à mentira. Por bem ou por mal, viver me fez um cético em relação às pessoas. Por mal, minha mente me tortura por duvidar.
Mas isso ocorre pouco antes de sumirem por tempo indeterminado até que precisem de mim novamente, então voltam, com o mesmo sorriso no rosto, com a mesma conversa de sempre e eu novamente tento me convencer de que aquilo tudo é real, mesmo vendo por trás das máscaras, mesmo vendo a faca que carregam, que ainda tá suja com meu sangue, que novamente espera pra ser usada quando eu virar as costas.
Eu tentava me convencer de que essas pessoas estariam lá por mim quando eu precisasse delas, mas isso foi só até lembrar de que ninguém nunca me escutou quando eu gritei por socorro, de que todos meus demônios foram mortos por mim mesmo, sem nenhuma ajuda, isso os que já não tomaram posse do meu corpo e que me fazem ser o que sou agora.
Às vezes me pego pensando onde estava esse amor que tanto dizem sentir quando agiram, ou melhor, quando agem sem levar em consideração nenhum dos meus sentimentos. Me pergunto o que faz com que pensem que está tudo bem me usar como um simples boneco e depois me guardar numa gaveta até que queiram brincar novamente.
O pior disso tudo é eu me conhecer o suficiente pra conseguir me persuadir toda vez.